Tenham bom senso

"Não é porque eu escrevo sobre drogas, alcoolismo, mulheres fáceis, noites difíceis, depravação e sexo sem compromisso que eu sou um completo desregrado. Compreendam o limite entre realidade e ficção ou simplesmente morram nesse mundo politicamente correto que lhes consome. A arte imita a vida e vice versa, mas isso nunca será uma regra"


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Perfumes baratos

      Acordei, tomei um banho, me arrumei e saí. Cheguei no ponto de ônibus e comi um salgado gorduroso com um copo de refrigerante. Já não estava muito legal devido ao ar condicionado do estúdio no ensaio de ontem. Acordei com aquela mesma sensação de gripe de antes. Entrei no ônibus, sentei, reclamei comigo mesmo sobre a merda dos espaços entre os bancos que fodem as minhas pernas. Sim eu tenho 1 metro e 10 centímetros só de pernas. Já viajo os 45 minutos até o centro de Porto Alegre meio desconfortável devido a isso. Sentado, abri a mochila, peguei o Bukowski e continuei lendo. Conforme as pessoas iam entrando, o ar dentro do ônibus ia me sufocando. Eu só conseguia pensar em quem era a filha da puta que tinha tomado um banho de perfume. Um perfume com um aroma comum, daqueles bem, mas bem vagabundos. Não conseguia nem ler mais. Guardei o livro. Em uma tentativa frustrada, levantava a cabeça próximo a janela para o ar limpar meu pulmão daquele cheiro desgraçado. Consegui dormir um pouco. Acordei parado na sinaleira da entrada da Mauá. Passaram “4 horas” ali parado. Na realidade um minuto. Mas nossa, foi o minuto mais longo da minha vida.
      Estava enjoado e com dor de cabeça. Quando você está de saco cheio de um determinado aroma, parece que seu nariz cria uma super-ultra-sensibilidade. Desci do ônibus e conseguia sentir e decifrar todos os cheiros. Primeiro o cheiro da fumaça dos carros, misturado aos perfumes das pessoas que passavam à um metro de mim, com o cheiro das agropecuárias, das fruteiras, das frituras, das floras. Chegando perto do Mercado pensei e dei graças por não precisar entrar nele, mas lembrei do cheiro de peixe. Nossa, certamente eu iria vomitar. Por mais incrível que pareça, foi o melhor cheiro que senti nesta manhã. O único que não me afetou negativamente. Comprei um refrigerante e segui minha caminhada. Chegando na frente do trabalho, a banda marcial da Brigada estava tocando em frente a Igreja das Dores. Pensei comigo: “Hoje tem alguma data especial? Para quê tanto? Porra são 9 da manhã.” Cheguei no trabalho, elevador quebrado, usei o outro do outro lado do prédio. Cheguei na minha sala. Porta fechada. Tinha que ir até o setor do apoio buscar a chave. Desci as escadas. Chamei o apoio subimos as escadas e abriram a porta. As térmicas com café e água quente para o mate estavam na porta. Entrei, coloquei as térmicas no lugar, servi um café e fui para minha mesa. Esse foi mais feliz desde que acordei.

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