Tenham bom senso

"Não é porque eu escrevo sobre drogas, alcoolismo, mulheres fáceis, noites difíceis, depravação e sexo sem compromisso que eu sou um completo desregrado. Compreendam o limite entre realidade e ficção ou simplesmente morram nesse mundo politicamente correto que lhes consome. A arte imita a vida e vice versa, mas isso nunca será uma regra"


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Aqueles lábios...

Eu parecia um menino de 16 anos com a primeira namoradinha. Aquele rosto lindo em um complemento tão perfeito de boca, nariz, olhos mesclado aquele cabelo lindo. Eu com um sorriso disfarçado, ficava observando todos os seus movimentos. Nunca havíamos trocado sequer um beijo mas ela estava com a cabeça deitada no meu ombro enquanto eu acariciava seu ombro delicadamente.
Não sabia o que fazer ou como agir, principalmente por sentir uma atração magnética por aqueles lábios lindos e desenhados. Sentia seu braço gelado onde eu tocava. Ela colocou a mão sobre meu outro braço e estava gelada. Ela já havia me contado como sentia frio. Puxei a coberta por cima de seu ombro e ela me olhou e sorriu com aquele rosto de menina meiga e inocente.
Enquanto assistíamos um filme qualquer, era meio claro em meio aos gestos que nenhum dos dois estava prestando muita atenção. Até chegar a uma parte engraçada onde os dois sorriram e ela se levantou do meu ombro e me olhou de forma totalmente casual. Ficamos nos olhando ambos claramente sem saber o que dizer.
Os sorrisos foram cessando e hipnotizado com aquele olhar não resisti e me aproximei lentamente. Ela numa fração de segundo fez cara de apavorada com a situação e lentamente foi fechando os olhos enquanto eu me aproximava.
O primeiro toque de lábios foi quase como um lençol de seda tocando na pele. Sua boca estava levemente fria ao primeiro toque, esquentando lentamente enquanto seu rosto ficava rosado. Coloquei minhas mãos em suas bochechas acariciando com meus polegares suas maçãs do rosto. Ali eu senti que ela entregou-se ao beijo virando a cabeça.
Naquele momento, quando ela lentamente colocou um dos braços sob meu pescoço e meu peito encontrou-se ao dela, senti seu coração disparado enquanto sua respiração aumentava.
Eu em meio a isso tentava conter toda a paixão e atração que eu estava sentindo e contia minhas mãos para evitar aquele ato dela precisar pegar em minha mão para que eu não fosse longe demais. Eu nem precisaria ir para lugar nenhum. Eu simplesmente estava onde queria estar e pra mim aquilo era o suficiente para parar o tempo.
Aquele beijo lento e maravilhoso. Era lindo vê-la dar leves sorrisos quando em meio ao beijo eu lhe dava leves mordidinhas nos lábios inferiores. Em meio ao beijo, uma de minhas mãos encaixou em sua cintura e senti um aumento súbito na respiração seguido de aquela pausa no beijo soando com um silencioso gemido. Neste momento, ela cruzou os braços no meu pescoço e eu senti no seu beijo algo semelhante a mesma paixão e atração que eu estava sentindo. Nesse momento eu definitivamente não sabia mais o que fazer. A minha única certeza era que eu queria permanecer ali pelo tempo que fosse possível.
Suas mãos agora estavam quentes. Sentia-as tocando meu pescoço próximo a nuca e me arrepiava. Fiz o mesmo e senti sua respiração quase explodir. Os corações estavam disparados e ambos suspirávamos entre os beijos. Eu agarrei sua cintura quase instintivamente e suspirando me afastei e sentei ao seu lado.
Eu não queria estragar nada. E me conhecendo eu estragaria tentando ir mais longe do que deveria. Dizia a mim mesmo na minha cabeça "Deixa esse maldito impulso escorpiano sob controle". Ela me perguntou o que aconteceu e eu disse que não queria estragar nada, enquanto aproximava suas mãos do meu rosto e me beijava. O beijo foi seguido de seus braços cruzando meu pescoço em um forte abraço onde senti perfeitamente o formato de seus seios em meu peito. Peguei-a pela cintura e a deitei lentamente ficando sobre ela sentindo seu peito ofegante.
Quando desci de sua boca pelas bochechas até o pescoço senti suas mãos nas minhas costas pararem. Mesmo assim não me contive e aproximei meus lábios lentamente do seu pescoço dando um leve beijo seguido de uma mordidinha. Quando beijei novamente com mais vontade senti que suas mãos se apertaram em minhas costas até que senti as unhas.
Uma de minhas mãos tocou seu rosto e foi descendo por seu pescoço. Eu senti seu coração bater no pescoço que eu beijava enquanto minha mão descia tocando seu seio por cima da blusa. Sua respiração ficava cada vez mais rápida enquanto minha mão descia pela sua cintura. Eu nem tinha notado até então que ela estava coberta ainda por uma colcha da cintura pra baixo. Minha mão foi seguindo descobrindo a coberta até chegar a sua coxa e joelho.
Ali lembrei que ela estava com o mesmo lindo vestido da primeira vez que saímos. Minha mão parou em seu joelho e ali eu já não sabia mais o que estava fazendo certo ou errado. Minha mão subiu um pouco até a coxa e apertei levemente. Subindo a mão enquanto o vestido subia senti a pele de sua cintura como o mais delicado tecido. A delicadeza de seu corpo me atraia muito, mas eu não fazia ideia do que e se ela queria que acontecesse alguma coisa.
Senti sua coxa, já levemente fria e destapada, tocar minha cintura por baixo da camiseta, causando um arrepio por toda minha espinha.
Por um momento eu parei de beijá-la e olhei fundo nos seus olhos. Eu não sabia mais para onde ir ou onde ela queria que eu fosse. Ela sorriu levemente e se aproximou novamente a boca dela a minha. Entendi o recado.#Entre tudo que eu não sabia se devia fazer ou não, minha única certeza era que eu queria fazê-la sentir algo que nunca tinha sentido e que quisesse sentir isso sempre comigo. Minha mão foi descendo da cintura por cima de sua calcinha em direção a virilha enquanto lhe beijava o pescoço. A respiração já não conseguia mais conter leves e silenciosos gemidos.
Quando minha mão tocou por cima de sua calcinha o gemido foi mais alto. Movi levemente meus dedos e senti sua calcinha úmida entre a virilha, explicando o volume do gemido. Ali eu fiz o que senti vontade de fazer. Impulso. Desci pelo seu pescoço baixando a alça do vestido despindo seu seio. Toquei-o. Beijei-o várias vezes.
Levantei ficando de joelhos no sofá, com uma de duas pernas sobre a minha, podendo ver agora sua calcinha rosa úmida no meu campo de visão. Levantei levemente seu vestido despindo seu umbigo e enquanto aproximava meus lábios da sua barriga, vi seus olhos se fecharem. Senti as contrações em todo seu corpo quando toquei meus lábios logo abaixo de seu umbigo.
Beijando e dando leves mordidas fui descendo por cima da calcinha me aproximando da virilha da perna que estava dobrada. Quando levemente beijei-a, seu corpo se contorceu e o som de um gemido silencioso ecoou pela sala.
Peguei levemente pela alça da calcinha e puxei ela para o lado bem devagar olhando seu rosto de olhos fechados. Quando despi seus outros lábios ela levantou a cabeça e me olhou com cara de espanto e seguidamente jogou a cabeça pra trás mordendo os próprios lábios.
Com seus outros lábios despidos e visivelmente úmidos, fui beijando sua coxa, atravessando a virilha, até chegar aos seus outros lábios.

Passei minha língua levemente de baixo para cima sentindo o gosto da daquela umidade que brilhava à luz da televisão. Enquanto minha língua subia, ouvia seu gemido e sentia seu corpo se contrair todo. Foi um êxtase mútuo sem precedentes. 

Fio da navalha

Como se não nos bastasse aquela navalha cortando as mesmas cicatrizes, a dor das marcas psicológicas são as impossíveis de cicatrizar. Levam muito mais tempo para fechar e, por mais silenciosas que sejam, ficam tatuadas profundamente. 
Profundo como o poço onde tentamos jogar as imagens mais traumatizantes. Mas a chuva o faz transbordar, jogando elevando todos os demônios que ficam se esfregando em danças quase eróticas na nossa cara.
Porque o melhor sempre ficou exclusivo aos amigos, a bebida e as drogas. Porque até o sexo precisava reviver um trauma. Sempre levando tudo ao limite. A linha entre o amor e a possessão é tão fina quanto o fio da navalha que abre as velhas cicatrizes.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Aquela mulher de preto...

E volta ela suavemente atravessando as frestas de janelas e portas da minha cabeça. Chega sorrateiramente como um gato só percebido no último momento antes do bote. 
Eu ainda não encontrei o gatilho, o motivo. Mas quando ela vem eu só sinto sua presença quando ela me cobre com toda sua suavidade nostálgica. 
Minhas mãos começam a tremer e ficar inquietas onde uma ansiedade sem sentido entra numa batalha infinita com a preguiça, o cansaço. 
Sou atropelado por todos aqueles sentimentos que vão te consumindo. 
Arrependimento, o que fiz ou deixei de fazer, pensar nas escolhas em tudo. 
Quando eu vejo, estou revendo atos que horas antes eu tinha plena certeza que eram a coisa certa. 
É como acordar num dia de sol no verão e ver subitamente fechar o tempo e começar um temporal.Pelo menos hoje eu tenho consciência de quando acontece. 
Por muito tempo eu sentia e não sabia como lidar. Seguimos aprendendo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Essas noites de segunda

Acordei por volta das três da tarde. Uma fresta na veneziana fez minhas pupilas dilatarem com a claridade que batia direto no meu rosto. Mantive os olhos abertos somente tempo suficiente para visualizar o esqueiro e o cigarro na janela acima da cama. Acendi de olhos fechados."Porra do caralho... ainda é dia", pensei alto. Em algum momento após apagar o cigarro no cinzeiro, sem saber como, eu apaguei.

Abri os olhos novamente em uma penumbra onde um leve feixe de luz avermelhado entrava pela janela atravessando o quarto até refletir no espelho. "Essa é a hora de levantar". Sentei na cama meio tonto, me espreguicei e apoiei na cômoda para conseguir levantar. Era aquela boa e velha 'dor em tudo' que você sente quando mistura cerveja, whisky e tequila, vomita no chão do banheiro do bar, toma um soco de um gordo mais bêbado que você e ainda recebe um boquete no estacionamento.

Minha longa peregrinação do quarto até o banheiro foi dolorosa. Eu sentia uma enorme dor no joelho que não fazia ideia de que momento da noite poderia ter sido, fora a tontura e todo o resto. Entrei no chuveiro, deixei a água fria, preparei a escova de dentes para eu me escovar no banho como de costume e me sentei dentro do box com a água batendo na minha cabeça. Sentia a água gelada que parecia fazer meus ossos trincarem num choque térmico. Mijei ali mesmo sentado.

Depois de um bom banho, era um novo homem. Enquanto passava um café, lembrava como eu gostava de achocolatado na adolescência. Fui divagando até a época em que eu só tomava refrigerante, e me perdi ao perceber em que momento eu troquei o refrigerante por cerveja, a cerveja por whisky e quando comecei a passar café e misturar whisky para tomar ao acordar. 

Terminei o café e era hora de sair. Precisava encontrar um amigo que precisava de ajuda numa mudança no dia seguinte. Entrando no quarto eu olho e tem uma mulher deitada de bruços bem na ponta da cama. "Por deus, como eu não vi isso antes". Tinha longos cabelos negros e devia ter seus 40 e poucos anos de acordo com os pés. Sim, os pés. As únicas provas da real idade de uma mulher nesta era de plásticas, silicones, etc. Estava nua, com uma enorme bunda para cima e com um corpo que parecia ser bem atraente. "Queria me lembrar", pensei.

Ela estava deitada numa posição estranha, como se tivesse sido jogada morta ali. Aproximei minha mão do pescoço dela e senti sua pulsação. "Melhor conferir". Definitivamente, eu não lembrava de pontos importantes da noite anterior. Inclusive de trazer uma mulher para casa e transar com ela. Lembro de ter sentido meu pau cheirando a sexo quando sentei no box do banheiro. Agora fazia sentido. 

Me vesti em silêncio. Minha calça preta, camisa jeans, minhas correntes, pulseiras, anéis. E encontrei a bolsa dela perto do seu vestido. Procurei uma carteira e achei sua carteira de motorista. Priscila. Era tudo que eu precisava saber. Caminhei até minha mesa onde peguei um papel e caneta e escrevi:

"Linda Priscila. Precisei sair para trabalhar. Adorei a noite. Me ligue e vamos jantar. Quero te ver mais vezes de bruços na minha cama. 
PS: Tem café passado na térmica azul. Ao sair é só bater a porta.
Beijos"

Deixei o bilhete no meu travesseiro ao lado dela e caminhei em direção a porta onde avistei aquelas duas linhas desformes sob o vidro da mesa de centro da sala. Um flash em minha mente lembrou de nós dois nus sentados no sofá com umas sete ou oito carreiras a nossa frente. Apalpei meus bolsos procurando qualquer nota e encontrei uma nota de 20 em forma de canudo. "Melhor impossível", pensei. Cheirei uma com cada narina, bati a porta e saí. 

Caminhando pela rua tentava lembrar mais detalhes da noite anterior. Nada. Em direção ao posto de gasolina lembrei que estava ficando sem cigarros e precisava de alguma coisa para pesar o estômago. Entrei na loja de conveniência, pedi dois Minister Brancos. O frentista respondeu, "São R$ 11 reais senhor." Tirei uma nota de 20 do bolso ainda em formato de canudo. Comecei a desenrolar até que vi que na ponta dela havia uma marca branca. Lambi a nota de uma ponta a outra e entreguei ao frentista. Ele me olhou atravessado, me entregou o cigarros e eu saí.

Na porta parei um instante lembrando que não comprei nada para comer. "Azar, necessidades são necessidades", pensei. Passando por um grupo de frentistas escuto um deles gritar, "Senhor, como está o joelho?".
"Está melhor. Sabe me dizer o que aconteceu?"
"Aquela morena bonitona praticamente atropelou sua perna e depois bateu no pilar aqui. O Senhor não lembra?"
"Claro que lembro, só queria confirmar meu nível de embriagues", todos rimos alto.
Agora estava claro minha dor no joelho e a desconhecida morena gostosa na minha cama. Segui meu caminho em direção a mais uma noite de segunda.