Tenham bom senso

"Não é porque eu escrevo sobre drogas, alcoolismo, mulheres fáceis, noites difíceis, depravação e sexo sem compromisso que eu sou um completo desregrado. Compreendam o limite entre realidade e ficção ou simplesmente morram nesse mundo politicamente correto que lhes consome. A arte imita a vida e vice versa, mas isso nunca será uma regra"


terça-feira, 3 de maio de 2016

A felicidade de cada um

Fazem mais de 7 anos que tivemos a primeira conversa sobre o assunto. Aquela mulher com seus 32 anos, inteligente, independente, auto suficiente. Em meio suas duas pós-graduações e ter alugado um belo, amplo e bem localizado apartamento que dividia com seus cães, ela sentia-se realizada. O simples fato de conseguir pagar sua conta de luz era motivo de alegria e satisfação. Não sentia falta de um companheiro, não sentia necessidade disso e multiplicado a um passado de um relacionamento complicado deixou-a menos interessada ainda. O mais importante de tudo era sua independência e liberdade. O resto, era o resto.
Me fez pensar, o que realmente é importante. Ouvi de uma mulher esses dias me questionando quanto a minha "necessidade" de ter alguém... Eu nunca falei em necessidade. E nem era por alguém... só queria ficar com ela. E nem o só ficar, usei o termo ‘conhecer’. Queria passar um tempo com ela e poder tirar a conclusão de que ela não era mais uma daquelas que prefiro não comentar. Enfim, não deu e nem vai dar. Hoje em dia, aquela frase "não é para o teu bico", faz sentido como nunca. Eu por um tempo achei que isso era coisa da minha cabeça, mas não, isso é real. Não adianta, hoje tem mulheres que querem mesmo um cara que tenha sua casa, que a leve para viajar, em restaurantes e lugares legais. Não tem valor para essas pessoas um simples "ficar deitado na grama do parque da Redenção fazendo/recebendo cafuné".
Hoje o negócio é postar fotos na festa tal, comendo tal coisa no restaurante tal. As coisas mais simples e prazerosas perderam todo o valor. Essa galera não tem apreço algum por ficar em casa numa sexta a noite fria embaixo das cobertas comendo besteiras e vendo um filme. Cozinhar juntos tomando um bom vinho. Hoje, é impossível imaginar a possibilidade de um homem e uma mulher conseguirem passar uma noite sozinhos bebendo, conversando e rindo a madrugada inteira. Na minha cabeça, um casal que consegue isso deve ser muito feliz.
Por fim, minha amiga hoje com 39 anos, sente-se sozinha, os caras com quem se relaciona só querem transar, pois para um relacionamento não é qualquer um que procura uma mulher de quase 40. Ainda mais hoje em dia em que o mundo está do jeito que está. Existem os que só querem transar, os que só querem "se colar" por ela ser independente, ter casa e etc. Não consegue encontrar alguém interessante.

Existe uma diferença entre ser solitário e ser sozinho. A pessoa pode ser sozinha, e ter uma vida plena e feliz. Porém, uma hora, a ordem natural das coisas vai se encarregar de transformar o ser "sozinho" em ser "solitário". A idade vai pegar, e hora ou outra sentirá falta de alguém com quem compartilhar todas as suas conquistas. E sem querer, minha conclusão chega ao ponto do filme Into The Wild. "A felicidade só é real quando compartilhada". E minha amiga, não construiu nenhum laço além de amizades que hoje em função de trabalho, casamento e outras funções da vida adulta se afastaram. Ao final da conversa eu perguntei. "Tu tem tua casa, teus cães, tua excelência profissional, teus livros... e isso por um tempo foi suficiente. Hoje tu pensa até em adotar uma criança para que te faça companhia na velhice e não pela maternidade. O que a tua vida lhe agregou emocionalmente?"