Hoje aconteceu comigo uma coisa
engraçada, que ao conversar com um amigo, tive vontade de escrever. Tenho candidatos
escolhidos, tenho uma preferência política e nessa eleição participei pela
primeira vez, de movimentos em prol destes candidatos. A eleição na minha
cidade está complexa. Tivemos impeachment no final do ano passado e o candidato
do partido da prefeita cassada está impugnado, temos manipulação de pesquisas e
todos aqueles famosos golpes. Mas o que quero contar é a minha ida até a parada
de ônibus, a caminho do trabalho.
Ao chegar à parada, estava uma
senhora dos seus 60 ou 70 e poucos anos, que logo após me recordei que ela mora
em frente ao ponto de ônibus. Sem eu sequer olha-la, ela me perguntou se eu
conhecia tal candidato morador do bairro e se eu sabia se ele era uma boa
pessoa. Eu nunca tinha ouvido falar no fulano, disse que não o conhecia e ela
me disse a seguinte frase: “Eu tomo antidepressivos muito caros, e ele disse
que conseguiria para mim. Eu não acreditei muito, pois estes políticos só dizem
essas coisas em época de eleição.” Achei isso uma coisa comum. Aquele velho
golpe de fazer promessas a uma velhinha é típico de pessoas que não tem o
mínimo caráter. Não fiz propaganda do meu candidato, mas disse em quem eu ia
votar, e falei algumas coisas sobre a candidata à prefeita deste tal vereador que
ela não sabia, mas que me pareceu não entender muito bem. “Nós nunca ganhamos
nada e esses dias bateram umas meninas aqui em casa e me trouxeram os remédios
que eu precisava. Acho que ele deve ser uma boa pessoa”, disse ela. Eu pensei
em não responder nada, mas meu jeito meio falador não permitiu. “Se ele lhe
comprou remédios, quis lhe comprar o voto. Isso não faz dele uma pessoa boa,
pois isso é crime”, respondi. Ela concordou, mas não disse mais nada com nada.
Após isso o ônibus veio, nós subimos e ela ficou na frente e eu fui sentar nos
bancos altos perto da porta de saída como de costume.
Pensei muito sobre o motivo pelo
qual eu não expliquei a ela o que realmente estava acontecendo no nosso
município e o porquê os meus candidatos seriam dignos de seu voto. Por um tempo
eu não entendi o que me fez ficar quieto e não lhe dizer mais coisas sobre o
tamanho absurdo que ela estava dizendo e como tal vereador cometeu um crime
eleitoral. Depois de um tempo pensando eu cheguei a uma conclusão. O que eu
senti na hora, e que me fez não argumentar nada, foi pura pena de sua
ignorância.