Tenham bom senso

"Não é porque eu escrevo sobre drogas, alcoolismo, mulheres fáceis, noites difíceis, depravação e sexo sem compromisso que eu sou um completo desregrado. Compreendam o limite entre realidade e ficção ou simplesmente morram nesse mundo politicamente correto que lhes consome. A arte imita a vida e vice versa, mas isso nunca será uma regra"


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Bento, Gabriel e Carpinejar


Muito complexo esse caso envolvendo o músico e escritor Gabriel, o Pensador como patrono da Feira do Livro de Bento Gonçalves. Escritores gaúchos se mobilizaram contra o investimento de R$ 170 mil para a compra de 2 mil livros do e os custos da apresentação, estadia,  do músico. Muitos apoiaram, muitos reprovaram a ação da prefeitura de Bento, mas no final das contas, quem está certo e quem errado?
A prefeitura divulgou a relação dos custos:
1) Passagens, hospedagem, traslado, deslocamentos internos e alimentação para os dias 18 de abril, 9, 10, 11 e 19 de maio de 2012. Valor: R$ 21.360,00.
2) Duas palestras com distribuição de 2.000 livros para as Bibliotecas das Escolas da Rede Municipal. Valor: R$ 70.000,00. (R$ 35 cada livro; 35x2000)
3) Show de encerramento da 27ª Feira do Livro, agendado para o dia 20 de maio, com equipe de 12 pessoas da banda do músico. Valor: R$ 60.000,00 + impostos tributáveis resultando no valor de R$ 78.070,00.
Valor total: R$ 169.430,00
Trecho da notícia retirado do site NovaPauta:
"O valor do cachê do músico indignou vários escritores, a exemplo de Fabrício Carpinejar que cancelou sua ida ao evento.
'Lamento fazer isso, mas é o meu protesto pelo cachê absolutamente excessivo de R$ 170 mil ao Gabriel O Pensador. O artista não tem culpa de pedir o valor, porém a Prefeitura tem inteira responsabilidade de acatá-lo. Literatura não deve ser feita para atrair público, e sim para formar público', disse Carpinejar."
O que pensar sobre isso? Muitos podem questionar o porquê não contrataram músicos daqui que também são escritores, como Thedy Corrêa(que apoiou Gabriel em seu Twitter @thedycorrea), Duca Leindecker (que foi Patrono da 23ª Feira do Livro de Gravataí em 2009) ou Humberto Gessinger(que tem 3 livros lançados). Um show do Nenhum de Nós, ou do Cidadão Quem, ou Engenheiros do Hawaii teria os mesmo custos de produção, se não mais. Mas isso não seria aquele velho e conhecido "Bairrismo" nosso?
Fabricio Carpinejar é um escritor incrível e reconhecido por suas polêmicas e temos que concordar com ele que os custos oferecidos aos outros escritores convidados a participar da feira foi baixo sim, mas acho que ele podia ter protestado, tanto ele quanto as mídias de massa, de uma forma menos maliciosa. Não só a mídia do sul mas a do Brasil em geral, já valoriza muito pouco a cultura.Isso ninguém pode discordar. Concordo com o Carpinejar que a feira deva ser feita para formar o público, mas não descarto qualquer publicidade. Se o show do Gabriel trouxesse pessoas para a feira, todos ganhariam, pois quem fosse ao show passaria pela feira, conheceria os autores que dela participassem e muitos com certeza comprariam livros no evento.
Agora muito se perdeu. Não haverá mais show do Gabriel que traria pessoas ao evento, nem os livros dele que seriam distribuídos nas escolas e nem a poesia de Fabício Carpinejar na Feira do Livro de Bento Gonçalves. Tanto dinheiro público é desviado no Brasil a cada nova gestão, que acho que era um investimento muito válido para a feira, para o município e para a sociedade.