Tenham bom senso

"Não é porque eu escrevo sobre drogas, alcoolismo, mulheres fáceis, noites difíceis, depravação e sexo sem compromisso que eu sou um completo desregrado. Compreendam o limite entre realidade e ficção ou simplesmente morram nesse mundo politicamente correto que lhes consome. A arte imita a vida e vice versa, mas isso nunca será uma regra"


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pena


     Hoje aconteceu comigo uma coisa engraçada, que ao conversar com um amigo, tive vontade de escrever. Tenho candidatos escolhidos, tenho uma preferência política e nessa eleição participei pela primeira vez, de movimentos em prol destes candidatos. A eleição na minha cidade está complexa. Tivemos impeachment no final do ano passado e o candidato do partido da prefeita cassada está impugnado, temos manipulação de pesquisas e todos aqueles famosos golpes. Mas o que quero contar é a minha ida até a parada de ônibus, a caminho do trabalho.
        Ao chegar à parada, estava uma senhora dos seus 60 ou 70 e poucos anos, que logo após me recordei que ela mora em frente ao ponto de ônibus. Sem eu sequer olha-la, ela me perguntou se eu conhecia tal candidato morador do bairro e se eu sabia se ele era uma boa pessoa. Eu nunca tinha ouvido falar no fulano, disse que não o conhecia e ela me disse a seguinte frase: “Eu tomo antidepressivos muito caros, e ele disse que conseguiria para mim. Eu não acreditei muito, pois estes políticos só dizem essas coisas em época de eleição.” Achei isso uma coisa comum. Aquele velho golpe de fazer promessas a uma velhinha é típico de pessoas que não tem o mínimo caráter. Não fiz propaganda do meu candidato, mas disse em quem eu ia votar, e falei algumas coisas sobre a candidata à prefeita deste tal vereador que ela não sabia, mas que me pareceu não entender muito bem. “Nós nunca ganhamos nada e esses dias bateram umas meninas aqui em casa e me trouxeram os remédios que eu precisava. Acho que ele deve ser uma boa pessoa”, disse ela. Eu pensei em não responder nada, mas meu jeito meio falador não permitiu. “Se ele lhe comprou remédios, quis lhe comprar o voto. Isso não faz dele uma pessoa boa, pois isso é crime”, respondi. Ela concordou, mas não disse mais nada com nada. Após isso o ônibus veio, nós subimos e ela ficou na frente e eu fui sentar nos bancos altos perto da porta de saída como de costume.
        Pensei muito sobre o motivo pelo qual eu não expliquei a ela o que realmente estava acontecendo no nosso município e o porquê os meus candidatos seriam dignos de seu voto. Por um tempo eu não entendi o que me fez ficar quieto e não lhe dizer mais coisas sobre o tamanho absurdo que ela estava dizendo e como tal vereador cometeu um crime eleitoral. Depois de um tempo pensando eu cheguei a uma conclusão. O que eu senti na hora, e que me fez não argumentar nada, foi pura pena de sua ignorância.